O Zé, petit nom pelo qual José Sá Fernandes se apresenta a eleições, contribuiu indiscutivelmente para a queda da Câmara. O Zé, muitas vezes sozinho, denunciou as malfeitorias políticas do PSD e fez ouvir a sua voz quando o PS se manteve ensurdecedoramente silencioso. Sejamos francos: ele foi o líder da oposição camarária nos últimos dois anos. Esse mérito ninguém lhe pode retirar.Mas será que Zé vai fazer falta nos próximos dois anos? Sinceramente, creio que não, porque o contexto é diferente. Os tempos que se avizinham para a esquerda são de governo e não de oposição. Ora, o Zé é perito em desconstruir as propostas dos outros, mas não o imagino a assumir a responsabilidade de executar um programa. O Zé só sabe ser oposição. Isto não quer dizer que em democracia se possa dispensar a oposição: bem pelo contrário! Mas, o Zé, se for eleito, não poderá integrar a maioria de governo, sob pena de obstruir sistematicamente o desenvolvimento de um projecto de esquerda para a cidade. Deste modo, o Zé é o melhor candidato para os eleitores de direita que quiserem escolher um líder de oposição, mas um voto nele dos eleitores de esquerda é um voto desperdiçado.
João Miranda