Um dos aspectos mais positivos da pré-campanha eleitoral tem sido a ausência de qualquer menção ao Parque Mayer. Em eleições anteriores, os candidatos atropelavam-se na apresentação de propostas megalómanas e populistas de reabilitação do espaço do Parque Mayer. Como resultado disso, o Parque Mayer continua a ser um buraco negro no espaço urbano e, ainda por cima, herdámos um casino, como alegada contrapartida da regeneração de um espaço que ainda não se verificou até à data.
Para mim, desde sempre que o Parque Mayer é um problema estritamente urbanístico de escolha do uso do solo mais adequado para essa zona, porque o teatro de revista, enquanto fenómeno cultural, não merece a adesão do público há várias décadas. A grande questão que se coloca é a de saber como conseguir conciliar naquele espaço usos comerciais e usos habitacionais, que imprimam uma marca de qualidade no espaço urbano.
Quando muito, com um pouco de condescendência, vale a pena aproveitar o espaço do Parque Mayer para nele implantar um Museu alusivo ao teatro de revista. É tempo, pois, de terminar com aventuras destinadas a recriar manifestações culturais a que a generalidade dos lisboetas é indiferente e que, ao longo dos anos, só têm servido para arruinar as finanças municipais.
A indiferença dos candidatos face ao Parque Mayer é também um sinal (positivo) de que, desta vez, os políticos não irão deixar que seja a comunicação social a marcar a agenda da campanha eleitoral, porque, verdade seja dita, em actos eleitorais anteriores eram os jornalistas que procuravam sistematicamente, que os candidatos se comprometessem com projectos e medidas para o Parque Mayer, quando o tema não interessava minimamente aos eleitores.
JM