sábado, 23 de junho de 2007

Lisboa em marcha atrás

Já falei aqui da linha demagógica do PSD, pensando que viesse a ser um eixo relevante da campanha de comunocação da candidatura de Negrão. Aparentemente enganei-me: é o único eixo relevante da candidatura de Negrão. Hoje passava na 2.ª circular quando vi os novos cartazes. Ideias? Equipa? Prioridades? Nada disso.

Os novos cartazes seguem na linha demagógica anterior, mas procuram subir a parada. Enquando o primeiro se limita a dizer que Lisboa precisa de Governo e não do Governo, fazendo questão de apostar no sublinhado, no caso do eleitor alfacinha não captar de imediato a genialidade do trocadilho, o segundo é que é mais emblemático da febre populista. O referido outdoor oferece-nos uma reprodução de boletim de voto em que as opções são OTA e LISBOA, aparecendo a cruzinha em frente da opção OTA.

Em primeiro lugar, é demagogia fora de prazo, uma vez que a questão se encontra em stand by. Nessa medida é revelador de algum desespero - trata-se de tentar a todo o custo manter viva uma questão que supostamente castigaria a candidatura de António Costa. Ora, não só este último efeito está longe de ser uma realidade, como a insistência de Negrão começa cada vez mais a parecer oportunista da sua parte.

Em segundo lugar, é demagogia inconsistente com a linha do próprio PSD, o qual tem afirmado que o resultado dos estudos em curso deverá prevalecer, mas que anda longe de estar associada firmemente à solução Lisboa +1 (não que isso possa chocar o candidato a autarca, que não se lembrou de nenhum destes aspectos quando foi ministro no Governo que consolidou a opção pelo novo aeroporto).
Finalmente, é uma estratégia demagógica que potencia a discussão das incoerências do candidato Fernando Negrão e volta a sublinhar a ausência de ideias para o resto, como já foi várias vezes dito. One issue candidates são um perigo para si mesmos quando a questão se esgota. Neste caso ainda é mais triste: não só a questão já está esgotada, como nem sequer faz parte das atribuições do município, nem está a ir a votos. A campanha do PSD em Lisboa começa a parecer um Titanic a esforçar-se por acertar no maior número de icebergs possivel antes de ir ao fundo...
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