terça-feira, 10 de julho de 2007

Síndrome da bolinha baixa. Disse Marques Mendes: "só um presidente eleito para a câmara municipal de Lisboa pelo psd pode assegurar as melhores condições de estabilidade, tranquilidade e governabilidade" (cit. in Público, n.º 6310, 9.Julho.2007, p. 14). Por instantes, ao ouvir isto, acontece algo entre o pasmo e o espasmo. Porém, na sequência do estremecimento, perguntamo-nos: e porquê? Porque Fernando Negrão é um puro?, o mais puro entre os puros? Não. Fernando Negrão, enquanto Fernando Negrão, não faz parte da equação ou faz por contingência apenas. Tanto poderia ser ele quanto poderia ser outro qualquer o cabeça de lista do psd. O que releva para Marques Mendes é que, aconteça o que acontecer, o psd continuará a ter maioria absoluta na assembleia municipal. Como surge evidente, ao tentar tirar dividendos de uma bizarria sistémica - e ao ameaçar estorvar a acção do novo elenco da câmara municipal de Lisboa com a maioria constituída do órgão deliberativo e que continuará -, Marques Mendes joga politicamente ao nível da bola de bowling, rés-o-chão. O que, convenhamos, não é, nunca foi, sinónimo de elevação. Para além disso, a declaração de Marques Mendes vem confirmar que o psd não se encontra no arco de forças políticas disponíveis para uma concertação municipal em prol de Lisboa, juntando-se, assim - ao recusar liminarmente encontrar programa e propostas com as restantes candidaturas, nomeadamente a candidatura socialista -, às posição e postura da cdu. O que é sintomático. Num momento em que a concertação e a consequente unidade política são uma das condições da solução para o problema que existe no município de Lisboa, há quem - vá lá saber-se porquê - prefere continuar a fazer parte do imbróglio. Não é fado. É outra coisa qualquer. (SF)